
Amamentação do Bebê com Fissura Labiopalatina
A amamentação no bebê com fissura labiopalatina requer um pouco mais de atenção e cuidado, uma vez que as alterações anatômicas apresentadas exigem adaptações da mãe e do bebê para que ambos possam se ajustar e assegurar uma mamada segura e confortável.
O mais importante de tudo é a informação. Quanto mais a mamãe e familiares estiverem informados e consciente da condição do bebê, mais harmoniosamente se dará o processo de amamentação.
Pré natal
Na consulta com o fonoaudiólogo, ainda na gestação, será o momento em que, todas as informações sobre possíveis adaptações e naturais dificuldades serão apresentadas e será discutido como se dará os primeiros momentos de alimentação do bebê.
Informações sobre: colostro, estimulação de produção láctea, ordenha para extração, armazenamento de leite, pega e posição, sinais de fome e mamada efetiva, utilização da bandagem elástica na fissura de lábio e placa obturadora na fissura palatina - tudo será abordado para que, no momento, certo a mãe possa estar preparada com mais segurança e tranquilidade.
Pós Parto Imediato
O apoio da equipe de saúde hospitalar, que conte com um fonoaudiólogo, é fundamental para avaliação da sucção e deglutição e estabelecimento da via de alimentação segura e efetiva para o bebê.
Bebês com fissura que acometem somente o lábio tem anatomia mais favorável para a amamentação no seio materno. A integridade do palato colabora para a manutenção da pressão intraoral e permite ao bebê um melhor padrão de sucção.
Massagens e extração de um pouco do leite antes da mamada, fazem com que a mama fique macia e facilite a pega do bebê e ejeção do leite.
Tudo será feito para assegurar que o bebê possa se ajustar para sugar o leite materno direito da mama, dentro das limitações e possibilidades.
O ajuste da posição e pega são grandes aliados para amenizar algumas dificuldades que possam sugir. Diferentes posições favorecem o aleitamento materno (como mostra a figura abaixo) e a mãe e bebê desenvolverão naturalmente as formas mais confortáveis, com o passar o tempo. Tenha certeza!

Bandagem Elástica
O uso da bandagem elástica nos lábios, auxilia não só a função de sucção, facilitando o vedamento labial, como também promoverá a aproximação das estruturas ao longo do crescimento facial, facilitando a realização do procedimento cirúrgico de correção dos lábios.
A forma correta de colocação deve ser indicada por um profissional capacitado no uso da Bandagem Terapêutica.


Bebês com fissuras que acometem o palato, enfrentam mais desafios para sugar o seio materno, devido a inadequada pressão intraoral.
Escape de leite pelo nariz (regurgitação nasal), ingestão excessiva de ar e cansaço, são naturais nesse primeiro momento até que mamãe e bebê se ajustem a essa nova condição.
O uso da placa obturadora na fissura de palato permite uma sucção mais fácil, com maior pressão intraoral e maior facilidade na extração do leite, facilitando o processo de alimentação.
Caso seu bebê não consiga obter o leite materno direto da mama na maternidade, não se preocupe; há várias formas dele obter o leite materno após a ordenha com oferta em utensílio mais seguro em casa.
Muitos bebês com fissura de palato, precisam que o leite materno ordenhado (ou formula láctea) seja oferecido em outro utensílio, como por exemplo mamadeira ou chuca. Utilizando essas outras formas de oferta, é possível minimizar as dificuldade de ganho de peso e riscos de engasgos.
O melhor utensílio (tipo de mamadeira e bico) a ser utilizado pelo seu bebê deve ser indicado por um fonoaudiólogo especializado em bebês.
As fissuras labiopalatinas, por si só, não justificam a indicação de via alternativa de alimentação.
Normalmente, bebês com comorbidades como: prematuridade, condições neurológicas, cardíacas e pulmonares, podem apresentar condições em que não é possível estabelecer uma deglutição segura (disfagia).
Nesses casos há indicação de alimentação por via alternativa com a sonda nasogástrica ou nasoenteral ou mesmo a gastrostomia.
A indicação deverá ser feita de forma interdisciplinar (enfermagem, pediatra, fonoaudiólogo e pais).
Em Casa
Já em casa a rotina começa a ser um importante aliado. Mãe e bebê vão estabelecer gradualmente uma relação de amor, carinho, aconchego e a alimentação fará parte desse processo, independente de ser via seio materno ou outro utensílio indicado.
Ordenha e armazenamento do leite materno precisam de enorme atenção e cuidado.
Pergunte, leia, se informe o máximo para garantir a qualidade do leite oferecido ao bebê.
Esteja atenta também a possibilidade de doação de leite materno. Muitas mamães com o estimulo (massagem, ordenha, mamadas) produzem uma qualidade fantástica de leite, mais que suficiente para seu filho e pode, e devem, contribuir fazendo o armazenamento e doação desse leite excedente para crianças prematurase que estão em unidade hospitalares de tratamento intensivo que tanto precisam de importante e vital alimento.
Informações sobre armazenamento e doação de leite materno nos links abaixo:
A higiene bucal do bebê vai precisar de atenção e cuidado para remover restos de leite e acostumar com a criança com o manuseio da boca. Gengiva, bochecha, língua, palato devem ser higienizados com hastes flexíveis e/ou gase e água filtrada ou soro fisiológico.
O mais importante de tudo é o acompanhamento rigoroso do desenvolvimento do bebê com relação à quantidade e qualidade da alimentação e seu desenvolvimento físico.
A atenção dos pais e visitas regulares ao Pediatra, Nutricionista, Fonoaudiólogo e Cirurgião Plástico para controle de peso, crescimento e acompanhamento do desenvolvimento, são fundamentais para garantir que as cirurgias ocorram no tempo cirúrgico correto.
Há duas importantes fontes de consultas sobre o tema:
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Manual De Cuidados De Saúde E Alimentação Da Criança Com Fenda Oral do Projeto Crânio-Face Brasil da Faculdade de Ciências Médica da Universidade Estadual da Campinas - UNICAMP
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Administração Alimentar No Recém-Nascido Com Fissura Labiopalatina do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC da Universidade de São Paulo - USP.
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